Demônio bom e demônio mau
Jesus lida com o diabo como uma águia lida com uma serpente.
Ofídios: cobra, serpente, víbora Símbolos do pecado: diabo, satanás, dragão
Cobras, serpentes, víboras, figurativamente pessoas más, traidoras, traiçoeiras, falsas, infiéis, desleais; possuem características que revelam sua tendência à perversidade, a atos iníquios.
Àqueles que não querem saber de Deus, há um lugar reservado por Deus:
“É esse o fim dos maus, daqueles que não querem saber de Deus” (Jó 18:21)
Qual fim? Jó 18:5-20.
(Refrências cruzadas: Os 4:1; Jr 9:3; 19:25; 1 Ts 4:5; 2 Ts 1:8; Tt 1:16)
Etimologicamente, o termo "demônio" vem do grego δαίμων /daímôn/ que significa "divindade", "deus", "poder divino", "espírito", "gênio", inteligência". O termo em latim é "daemon" do qual surgiu o termo "demônio" em português.
Um daemon pode ser "bom" ou "mau" de acordo com as circunstâncias da relação entre ele e qualquer outro ser que se submete à sua influência. Teologicamente, há dois termos para classificá-los: εὐδαίμων /eudaemon/ - o prefixo /eu/ que significa "bom", "favorável"; κακοδαίμων /cacodaemon/ - o prefixo /kakos/ que significa "mau", i.e., bom daemon ou bom demônio e mau daemon ou mau demônio.
O termo não designa necessariamente seres malignos, mas espíritos que são regidos pelo bem ou pelo mal. Assim também, no tocante ao homem, a acepção apropriada para "demônio" é alma humana que pode ser boa ou má.
No Livro dos Espíritos (questão 131), há uma indagação: "Se houvesse demônios, eles seriam criação de Deus, e Deus seria justo e bom se tivesse criado seres devotados eternamente ao mal e infelizes?"
Diante dessa sugestão, seria Deus mentiroso como o diabo?
"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is 45.6-7). "Pois é ele quem abre a ferida, mas ele mesmo a trata; ele fere, mas com suas próprias mãos pode curar" (Jó 5:18). "O Senhor é quem tira a vida e a dá; faz descer ao Sheol, à sepultura, e da morte resgata" (1 Sm 2:6).
Deus criou daemons que podem ser bons ou maus - aqueles que decidem seguir o bem e aqueles que decidem seguir o mal após alguma tentação, como foi com Lúcifer que decidiu ser igual a Deus (Is 14:12-14) e, incorporado em uma serpente (Gn 3:1), incitou Adão e Eva à mesma atitude ao decidirem seguir seus conselhos ocultos (Gn 3:6).
Deus criou todos com o livre arbítrio (Gn 2:17; Js 24:15; Pv 1:29; 3:31; Sl 25:12) e foi através desse dom divino da capacidade de escolha que satanás pecou espontanea e volitivamente contra Deus assim como o ser humano por sua influência diabólica, sendo, porém, detentor da própria decisão que resultou no pecado original (Gn 3:1-6).
Tirando do ser humano o arbítrio, a culpa pelos males seria só de Deus - uma forma de culpá-lo pelos pecados ou males da humanidade quando o homem é o único culpado e responsável pelos próprios atos. Trata-se de uma artimanha maligna do cacodaemon, i.e., o demônio mau; no caso em questão, o diabo com suas investidas malignas embasadas em más interpretações dos atos divinos.
Deus criou o bem e o mal, mas também criou o livre arbítrio para que fôssemos responsáveis pelos nossos atos e não seres robotizados:
"Hoje te tenho proposto a vida e o bem, a morte e o mal. Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a maldição" (Dt 30:15,19).
Na realidade, assim como Jesus em sua sabedoria e discernimento espiritual estava sempre vigilante quanto às maquinações do seu arquirrival que pretendia destruí-lo e destroná-lo uma vez por todas, tentando lhe incutir na mente ideias contrárias à vontade de Deus, seus filhos, crentes no Senhor, também precisam estar vigilantes contra as astutas ciladas do diabo (Ef 6:11) que pretende continuamente derrotá-los.
Uma das suas grandes investidas é a tentativa de lançar dúvidas no coração do crente quanto ao poder de Deus, a obra salvífica de Jesus Cristo, o poder de seu sacrifício expiatório vicário, e tudo o mais relacionado aos feitos e propósitos divinos voltados para o bem da humanidade. Além de tudo isso, pretende persuadi-los a acreditarem que não são responsáveis pelos próprios atos, contraiando o princípio da responsabilidade pessoal e da não-assunção de culpabilidade conforme descrito no Livro de Ezequiel capítulo 18.
Comments