As oportunidades de Deus
Deus testa a lealdade de seus filhos: quem age como Davi tem a sua aprovação.
“Ó rei, escute o que eu tenho a dizer. Se foi Deus que fez o senhor se virar contra mim, ele mudará de ideia se lhe for feita uma oferta. Mas, se foram certas pessoas que fizeram isso, que a maldição de Deus caia sobre elas! Pois me expulsaram da terra do Senhor Deus para uma terra onde posso adorar somente deuses estrangeiros. O Senhor Deus recompensa aqueles que são fiéis e corretos. Hoje ele colocou o senhor nas minhas mãos, mas eu não levantei a mão para matar aquele que Deus escolheu como rei” (1 Sm 26:19, 23). Tem-se a impressão de que Davi estava desobedecendo uma oportunidade que Deus lhe dera. Mas não foi isso. Na verdade, David entendeu que Deus poderia estar usando Saul como agente da disciplina divina — David poderia ter matado Saul, mas não quis fazê-lo e preferiu agir com justiça e lealdade, e, assim, foi aprovado por Deus.
Davi tinha noção da sabedoria divina: ele sabia que poupar a vida de Saul poderia lhe acarretar um sério prejuízo, de morte mesmo, mas escolheu, preferiu, decidiu esperar pelo agir de Deus em seu favor ao invés de agir pelas próprias mãos. Assim, clamou a Deus por justiça quanto àqueles que incitaram seu inimigo contra ele.
A fim de nos provar, Deus providencia o surgimento de oportunidades que nos incitarão reações que possam agradar ou desagradar a Deus – agradar a Deus quando desagrada a nós; desagradar a Deus quando agrada a nós.
Quem não gostaria de aproveitar uma oportunidade de exterminar com um inimigo a fim de se ver definitivamente livre de suas ameaças?!
Davi, porém, não foi oportunista visto que não se aproveitou das circunstâncias em benefício próprio – naquele contexto onde seus inimigos dormiam por um espírito de sono profundo enviado por Deus – quando poderia tê-lo feito, assim como não foi vingativo pelo fato de saber que seu inimigo quisera matá-lo anteriormente, e novamente tentara o mesmo naquela ocasião. Na verdade, Davi e seu companheiro agiram com base na coragem haja vista não saberem que aquilo era providência divina.
Desse modo, foi aprovado por Deus por não ter querido estender suas mãos contra Saul por ser um ungido do Senhor. Não foi por falta de incentivo que ele deixou de o fazer; se ele tivesse se deixado levar pela opinião de seus amigos, teria feito a vontade dos amigos e contrariado a vontade de Deus, mas ele preferiu dar ouvidos à voz de Deus. O Senhor deu a Davi a oportunidade de mudar de postura em vista de seus próprios interesses, mas ele escolheu permanecer fiel a Deus. (1 Sm 26:5,7,8-9)
Davi teve discernimento espiritual: “‘Se o SENHOR te incita contra mim’ – pelo espírito maligno que Ele enviou, ou por quaisquer ofensas espirituais pelas quais nos desagradamos mutuamente” (1 Sm 26:19), ao entender que Deus estava naquele negócio. Contudo, cabia a ele manifestar sabedoria para repreender o erro alojado em seu inimigo e ainda levá-lo a mudar de atitude.
A única coisa que Davi fez ao rejeitar aquela oportunidade foi surpreender seu inimigo juntamente com seus guardas ao lhes mostrar que teve a chance de exterminá-lo sem que nenhum deles pudesse fazer nada. Todavia, seu caráter íntegro o motivou a honrar o rei, seu inimigo, poupando-lhe a vida, e a manifestar seu temor a Deus. Todos ficaram estupefatos diante da situação porque Davi provou que Deus estava com ele pelo fato de ter se aproximado de seu inimigo, pegar suas coisas e ainda sair dali são e salvo.
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