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Surdez espiritual vs. audição espiritual


Spoiler pra degustar: excerto de um capítulo do meu próximo livro:


Surdez espiritual vs. audição espiritual: cura parcial e cura total

Tive um sonho em que dois entes queridos doentes, um da alma e outro do corpo, aparecem totalmente curados de seus males. O sonho é o meu sonho!


O Senhor nos dá a resposta que precisamos. Diante dessa resposta, peçamos sabedoria para agir.

A palavra do Senhor se renova sempre assim como as suas misericórdias que se renovam a cada manhã, e vê a aflição do justo que busca fazer o bem, mas às vezes é impedido pelo comportamento dos outros a quem quereria fazer o bem.


Há duas situações no quadro do homem enfermo de Betesda: a) quando olhamos por um prisma mais crítico, entendemos que ele não respondeu a pergunta de Jesus imediatamente, pois, apesar de querer ficar curado, ele deu prioridade à acusação; preferiu acusar as pessoas que não o ajudavam — isso não iria salvá-lo: na maioria das vezes, é mais fácil acusar, reclamar, apontar falhas alheias, arrumar um bode expiatório para atribuir-lhe a própria culpa do que assumi-la ou buscar a correção e se tornar agradável a Deus. Entretanto, Deus conhece o caráter do homem e o revela aos seus fiéis para que não sejam enganados: meu Deus, eu confio no Senhor e lhe peço que não me deixe confundido. Não serão confundidos os que esperam em ti; confundidos serão os que, sem causa, procedem traiçoeiramente (Sl 25:2,3); b) quando olhamos por um prisma mais piedoso, entendemos que ele se sentia abandonado, invisível, desprezado, e o seu flagelo emocional parecia maior do que a sua necessidade física. Então, percebendo todas as suas necessidades, Jesus diz a ele: “Levanta-te, toma a tua cama, e anda” (Jo 5:8). A partir do momento em que ele fica curado da dor física, a dor emocional também é curada, e, consequentemente, o espiritual adquire equilíbrio — Jesus o liberta de forma tríplice. Porém, adverte-o a não pecar mais para que não lhe sobrevenha algo pior.


Analisando as duas possíveis circunstâncias enfrentadas pelo homem que se encontrava enfermo há 38 anos, infere-se criticamente que ele não pedia ajuda para evitar maior humilhação como se desejando que os outros lhe pedissem para ajudá-lo, ou seja, ele precisava, mas não queria se rebaixar ou “sair do salto” das suas moletas — estava precisando, mas não pedia ajuda, como também há muitas pessoas que precisam de ajuda mas não aceitam quando alguém a oferece por questão de orgulho. É como inverter as situações em que prefere que seu próximo ofereça ajuda: “Quer ajuda? Eu te ajudo!” a pedi-la: “Quero ajuda! Você me ajuda?”.


O orgulhoso prefere rejeitar a ajuda de que necessita pelo simples prazer de não se sentir rebaixado ou diminuído e, ainda, de poder acusar de indiferente, insensível ou impiedoso os outros que ele mesmo impede que o ajudem. Eis o fundo d’alma que só Jesus conhece e galardoa o justo com essa capacidade de discernimento entre a verdade é o engano.


Em João 5:1-15, o necessitado é quem precisa, mas não pede. Quer que os outros peçam o que ele mesmo deveria pedir. E os acusa de não fazer por ele o que poderiam. Não pede para ter motivo de acusar. Jesus, porém, deu-lhe a chance de pedir e ele não pediu, mas aproveitou o ensejo para acusar os outros. Mesmo assim, Jesus o curou para que ele tivesse a oportunidade de se redimir. Mas nem assim ele se redimiu. Ele manifesta o seu pecado depois que Jesus aparece, pois, até então, muitos à sua volta, talvez todos, não percebiam sua realidade interior; assim, seu último estado se torna pior que o primeiro porque acumula dor em cima de dor devido ao agravante da culpabilidade atribuída a terceiros em detrimento da assunção da responsabilidade pela sua conduta. Mas Jesus conhece cada pessoa porque sonda sua mente e seu coração.


Normalmente, o acusador é ingrato e não assume a responsabilidade de seus atos, atribuindo-os a outrem. A fim de livrar a sua pele, de “ficar bem na fita”, “de tirar o seu da reta”, prejudica até quem tenta ajudá-lo por meio de atos injustos e palavras forjadas. Mas não sabe o que está escrito a respeito do justo:


“Nenhuma arma forjada contra você prevalecerá, e você refutará toda língua que o acusar. Esta é a herança dos servos do Senhor, e esta é a defesa que faço do nome deles", declara o Senhor” (Is 54:17).

O Senhor cura o enfermo apesar de perscrutar seu coração e sua mente e reconhecer suas debilidades. Se não fosse o poder de Cristo, sua chaga seria incurável. Mas Jesus o cura física, emocional, moral e espiritualmente.


Todavia, há enfermos da alma que são incorrigíveis: Deus lhes dá a oportunidade de reconhecer as próprias falhas, mas, ainda assim, persistem no erro pela covardia, ingratidão e egoísmo. Apesar disso, podem ser curados, mas isso não significa que serão salvos.

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